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‘Fantastic Beasts and Where to Find Them’ - a magia continua na mala de Newt Scamander


Harry Potter deixou uma marca profunda naqueles que cresceram a ler os livros da autoria de J. K. Rowling e a acompanhar as respetivas adaptações ao cinema. Para aqueles que abraçaram intensamente este mundo mágico as saudades são indescritíveis e eternas. Este é um mundo complexo, rico em pormenores, autêntico e inigualável. Uma das suas particularidades é o facto de a autora ter escrito os livros de forma a acompanhar uma geração, permitindo ao leitor e a Harry crescer em simultâneo à medida que a complexidade das obras também aumentava gradualmente, de modo a fazer sempre sentido e a ser perceptível para os leitores. Sonhámos durante muitos anos em viver neste mundo que nos fazia sentir compreendidos. Sentimo-nos em casa em Hogwarts, o único lugar do mundo onde nunca é negada ajuda a todos aqueles que a pedirem, onde encontrámos verdadeiros amigos com os quais nunca teremos infelizmente o prazer de nos cruzar, mas com quem muitos de nós se identificaram mais do que com qualquer outra pessoa fora das páginas e que permanecerão para sempre nos nossos corações. Harry Potter é tudo aquilo que um apaixonado leitor pode desejar: uma lição de amizade e companheirismo, com a qual a nossa geração teve o enorme privilégio de crescer. Cada um de nós, que a saboreou com a merecida atenção, certamente terá através dela incutidos valores para a vida. É impossível não nos deixarmos apaixonar pela pureza das personagens: pela perspicácia e capacidade de dar a volta por cima das adversidades de Hermione, pelo companheirismo e verdadeiro sentido de amizade de Ron em todas as ocasiões, bem como pela bondade e bravura no maior dos corações, o de Harry. Salvo pelo amor que a mãe nutre por ele, Harry Potter toca todas as gerações com uma mensagem que mostra que a arma mais poderosa é – e sempre assim será – o amor. Neste mundo com uma magia diferente experimentámos os mesmos sentimentos que as personagens, vivemos verdadeiras aventuras, experienciámos injustiças, sofremos de bullying, preocupámo-nos com exames e trabalhos, tivemos os nossos professores preferidos, fizemos amigos… Tudo isto juntamente com o nosso apaixonante “Golden Trio” (Harry, Ron e Hermione).


Fantastic Beasts and Where to Find Them vem saciar a vontade de reviver o mundo mágico que Harry Potter nos apresentou, deixando-nos nostálgicos ao ouvir feitiços que tão bem conhecemos e referências a personagens que tanto nos marcaram como Albus Dumbledore e Grindelwald. J. K. Rowling estreia-se como argumentista e juntamente com David Yates (realizador dos quatro últimos filmes de Harry Potter) dá continuação à magia num ambiente desta vez mais adulto e repleto de cenários urbanos. Desenvolve-se com uma certa independência do universo de Harry Potter, com contextos próprios, personagens distintas e uma narrativa autónoma bem delineada. Eddie Redmayne foi o escolhido para dar vida à personagem principal, o nosso novo herói (Newt Scamander), o que se revelou uma decisão muito sensata. O actor que já venceu um Oscar ao interpretar brilhantemente Stephen Hawking, caracteriza-se por uma expressividade verdadeiramente cativante. Newt é um magizoólogo britânico que viaja até Nova Iorque fazendo-se acompanhar por uma mala recheada de criaturas mágicas raras. No entanto, devido a um incidente, alguns desses animais acabam por fugir e andar à solta pela cidade. Entre eles encontra-se um bowtruckle, que nos cativa através da unicidade que o caracteriza, ou um muito fofo e encantador niffler. Scamander protagoniza esta aventura com o muggle (é revelado que nos EUA estes são apelidados de no-maj) Jacob Kowalski (Dan Floger). Personagem carismática que dá uma certa vertente cómica ao filme, este demonstra um fascínio constante pela magia, sendo que estes se tornam parceiros por acidente e não deixam de o ser pois Newt começa a vê-lo como um amigo verdadeiro. Estas duas personagens fazem-se acompanhar da ex-Auror Tina (Katherin Waterson) e da sua irmã Queenie (Alison Sudol).


Em contrapartida têm destaque duas personagens misteriosas: Graves (Colin Farrel), um agente do Ministério da Magia e Credence (Ezra Miller), um órfão sinistro que tem diálogos com Graves que nos deixam intrigados. Ezra Miller, ator verdadeiramente carismático, também se revelou uma excelente escolha. Deu um toque pessoal à personagem que interpretou, algo que já mostrou ser característico seu noutros filmes como We Need To Talk About Kevin. Em termos de realização, não me parece que haja nenhum erro a apontar, como seria de esperar estando o realizador David Yates tão familiarizado com este mundo. O impacto visual é enorme e a magia é evidenciada com intensidade e de forma muito pormenorizada. No entanto, a verdadeira magia que J. K. Rowling nos transmitiu remete não tanto para os efeitos especiais e fantásticos, mas sobretudo para a transmissão de emoções humanas fortes e sinceras. As próprias expressões das criaturas mágicas estão incrivelmente bem trabalhadas.

J. K. Rowling já declarou que se seguirão mais quatro filmes e que a história com início na década de 20 terá o seu fim em 1945. Ao presentear-nos com a dose certa de romance, de humor e de negras ameaças arrepiantes, conseguiu mais uma vez cativar-nos e deixar-nos ansiosos pela continuação das aventuras. Certo é que Rowling abre novas portas para o mundo pelo qual nos apaixonámos - já não a câmara dos segredos nem as portas de Hogwarts - a magia irradia agora do interior da mala de Newt Scamander.

Marta Véstias, 18 anos. Estuda Ciências da Comunicação na UNL.



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