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A (primeira) derrota da Extrema Direita

Como escrevia Daniel Oliveira, na edição da “E” de 19 de novembro, “a Europa Ocidental e os EUA, onde a democracia mais firmemente se implantou, estão a manifestar sinais de rutura”. Estes sinais traduzem-se no ataque direto aos valores democráticos plurais de liberdade e mútuo respeito e são motivados pelas vagas populistas que, no último ano, cresceram a olhos vistos.

Os refugiados que chegaram à Europa nos últimos anos, motivados pelo êxodo sírio, foi um dos principais catalisadores da adesão aos discursos nacionalistas e extremistas que começaram a surgir. Instauraram-se movimentos de revolta e, aliado ao descontentamento generalizado com o projeto europeu, a extrema-direita começou a ganhar destaque no panorama político.

O primeiro grande triunfo destes discursos consumou-se na vitória do “Sim”, relativo à saída do Reino Unido da União Europeia. E, do outro lado do oceano, a vitória de Donald Trump na corrida à Casa Branca, em novembro passado, veio também dar esperança às correntes extremistas que se tentam impor na Europa.

Porém, no passado dia 4 de novembro, a extrema-direita sofreu um golpe duro na sua demanda pela afirmação política ao ver Norbert Hofer, candidato pelo Partido da Liberdade (FPO) às eleições presidenciais austríacas, ser derrotado, por Alexander Van der Bellen, candidato independente e ex-presidente do partido de esquerda Os Verdes. Apesar de sete das nove sondagens divulgadas no mês anterior à data das eleições darem a vitória a Hofer, o candidato pelo FPO acabou por perder para Van der Bellen com uma diferença de sete pontos percentuais (53,8% e 46,2%, respetivamente). Segundo o presidente eleito, citado pela Reuters, fica assim “um sinal de esperança e de mudança positiva a ser enviado de Viena para toda a Europa.”

Contudo, apesar desta derrota, a extrema-direita conta ainda com vários candidatos para as próximas eleições a decorrer na Europa.

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Geert Wilders, líder e secretário-geral do Partido para a Liberdade, foi recentemente condenado por discursos discriminatórios contra os marroquinos, mas nem por isso o Homem do Ano [2015] da Holanda (segunda a televisão pública NPO1) viu as intenções de voto baixarem. O candidato às eleições legislativas holandesas de março de 2017 tem já em vista, segundo as sondagens, 30 assentos previstos no Parlamento (atualmente o partido conta com 12 num total de 150).

Outra eleição, que se reveste ainda de maior importância, consuma-se no dia 7 de maio, com o resultado dos votos da segunda volta da corrida ao Eliseu. Marine Le Pen já é assegurada na segunda volta das presidenciais francesas e a vitória final já não é apenas uma utopia. A líder da Frente Nacional apresenta 24% de intenções de voto (segundo a Harris Interactive), sendo apenas ultrapassada, por 2 pontos percentuais, por François Fillon. O candidato pelo lado Republicano, que derrotou nas primárias do partido o ex-presidente Nicolas Sarkozy e o ex-primeiro-ministro Alain Juppé, é visto como o único capaz de a derrotar na segunda volta. Do lado Socialista, mas com índices de popularidade de 14% (segundo a I-Télé), corre o atual primeiro-ministro Manuel Valls, que enfrentará ainda primárias no partido.

Caso dêem a vitória ao extremismo, as eleições que se avizinham poderão redefinir por completo o mapa ideológico e político europeu e agravar ainda mais a crise migratória e de valores que a Europa enfrenta atualmente. A resposta a estas crises será expressa no voto eleitoral onde mais do que uma luta entre extremistas e moderados, se decide a estabilidade do mundo ocidental.


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